Mãe e fillha foram condenadas nessa quinta-feira (20), no tribunal do júri de Aimorés, no Vale do Rio Doce, a 30 anos de reclusão - cada uma - em regime inicial fechado, pela morte de Emanuely Aparecida Gregório Gomes, de 9 anos. A menina foi assassinada, com 36 facadas, após ser atraída pelas vizinhas em janeiro deste ano.
Elas também foram condenadas ao pagamento de uma indenização mínima de R$ 100 mil aos pais da vítima a título de danos morais.
Segundo o Ministério Público de Minas Gerais, por meio de imagens de câmeras de segurança, comprovou-se que uma das rés agiu de forma premeditada, inclusive, adquirindo, em uma mercearia, álcool e produtos de limpeza para utilizá-los no crime.
ResumoNo dia dos fatos, 24 de janeiro deste ano, a Polícia Militar compareceu à residência das rés, após ter sido acionada pelo próprio companheiro de uma das acusadas, que informou que ela havia lhe contatado por telefone confessando um homicídio.
No local, os policiais não localizaram mãe e filha, mas encontraram a criança morta, debaixo de um tapete, com múltiplas feridas espalhadas pelo corpo.
As mulheres foram rastreadas e presas, no mesmo dia, em outro bairro, quando tentavam fugir da cidade em um táxi.
O MPMG informou ainda que, após o homicídio, sabendo que os pais estavam procurando a criança, de forma dissimulada, uma das rés tentou tranquilizar a mãe da vítima, informando que a viu brincando atrás do posto de saúde do bairro onde moravam, quando, a essa altura, a criança já havia sido morta.
Segue o MP dizendo que segundo apurado, o delito foi cometido por motivo fútil, uma vez que as denunciadas tiraram a vida da criança, tão somente, porque não gostavam da forma como a vítima tratava o filho (e neto) das rés quando eles brincavam juntos.
Sobre isso, apurou-se ainda que uma das autoras possuía histórico de agressividade, tendo sido conduzida pela polícia após agredir uma outra criança que brincava com seu neto, fato ocorrido numa escola na cidade de Baixo Guandu, no estado do Espírito Santo. O crime foi praticado por meio cruel, pois a vítima foi morta de forma escalonada, progressiva e gradual, após 36 golpes de faca, disse o MPMG.
O Conselho de Sentença também reconheceu que o crime foi cometido mediante traição, uma vez que a vítima foi atraída ao local dos fatos pelas acusadas, com a justificativa de que lhe dariam um presente. Também foi apontado o uso de recurso que dificultou a defesa da criança
Ao entrar no imóvel, a menina foi atacada pelas acusadas, que estavam em maior número e possuem compleição física superior. Elas usaram um travesseiro com álcool contra o seu rosto, dificultando e impedindo sua defesa.
Na sentença foi reconhecida a barbaridade com que o crime foi praticado, o qual chocou a comunidade aimoreense, revoltando os moradores a ponto de populares invadirem a casa das rés e depredá-la.
Foi determinada a imediata execução das penas impostas às acusadas, que já se encontravam presas preventivamente desde a data dos fatos.
Crime
Emanuely Aparecida Gregório Gomes, de 9 anos, foi brutalmente assassinada com 36 facadas, dentro da casa das vizinhas, mãe e filha, de 56 e 32 anos, no dia 24 de janeiro deste ano, em Aimorés.
A Polícia Militar foi acionada pelo marido da mulher de 32 anos, que informou ter recebido uma ligação dela dizendo que havia matado uma pessoa em casa. Depois que chegaram no local, os militares chamaram, mas não havia ninguém no imóvel. Como ninguém respondeu, eles entraram na residência.
A PM encontrou corpo de Emanuely enrolado em um tapete no chão. Assim que os militares saíram da residência, o pai e o irmão da menina conseguiram entrar no imóvel. O pai desenrolou o corpo da criança e a colocou nos braços dele e do filho.
Com a chegada de reforço policial, as pessoas que estavam na porta da casa foram retiradas e o local foi isolado para os trabalhos periciais.
Segundo a polícia, a autora do crime teria fugido de moto — foi encontrada saindo de uma casa para pegar um táxi, acompanhada da mãe e do filho, de 11 anos. As duas mulheres foram presas e levadas para o quartel da cidade.
Em depoimento, a mulher de 32 anos alegou que a mãe dela teria dito que a menina deveria ser morta, porque cometia bullying contra o filho dela.
Ainda conforme o depoimento, a avó do garoto teria convidado Emanuely até a residência e, quando a menina entrou, a mulher de 32 anos atingiu a menina no peito com uma facada.
Em seguida, a mulher de 56 anos, pegou a faca e passou nos braços e pescoço da criança.
A mãe negou a versão da filha, porém, conforme o boletim de ocorrência, ela apresentou uma versão controvérsia e havia vestígios de sangue no chinelo, calcanhares e nas roupas.
O menino, de 11 anos, filho da muher, de 32, foi encaminhado para uma psicóloga, um assistente social e uma conselheira tutelar. Ele contou que estava no quarto quando ouviu gritos e que tentou sair para ver o que estava acontecendo, mas foi impedido pela avó, que o trancou no cômodo.
Depois, mãe e avó o tiraram do quarto para que eles saíssem de casa. O menino disse também, que ao sair, viu o corpo da menina e o sangue.
Para a psicóloga, o menino disse que nunca sofreu bullying por parte de Emanuely e que ele acha que mãe e avó cometeram o crime porque a vítima falava para as pessoas da vizinhança que queria namorar ele, mas as duas não queriam.
Após o depoimento, o menino foi encaminhado a um abrigo. A faca usada no crime foi apreendida.
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